top of page

Conversas sobre Psicodrama aquecem o final de novembro de 2018

Encontros promovem reunião de profissionais e interessados em compreender como o psicodrama pode impactar positivamente as diversas áreas sociais


Já faz parte da rotina dos profissionais da Associação Paranaense de Psicodrama atender à solicitações de entrevistas, ou questionários de alunos de cursos de Psicologia de Curitiba e do Estado do Paraná. As perguntas são muitas vezes relacionadas ao processo de atuação de um profissional ao escolher o Psicodrama como prática de especialização.


Sem dúvida essa demanda é uma das grandes motivadoras para que encontros como o CONVERSAS SOBRE PSICODRAMA aconteçam na Instituição.


O encontro CONVERSAS celebra 2 anos de atuação, e é considerado um importante momento em que a Associação abre suas portas para receber a comunidade interessada em conversar sobre como é atuar na área. Iniciativa de membros do ambulatório e de grupos de terapeutas sócios da instituição, o evento envolve conhecimentos teóricos e práticos, e trabalha oferecendo um balanço entre vivência e teoria com as seguintes atividades:


- Sociodramas

- Teatros Espontâneos

- Axiodramas

- Rodas de conversa e

- Apresentação de artigos e monografias.




Com o intuito de atender uma das mais recentes demandas que a Associação Paranaense de Psicodrama recebeu, entrevistamos Leandro de Carvalho Bitencourt – Secretário, e responsável pela SubCoordenação do Curso de Psicodrama Psicoterapêutico e da Prática Clínica do Psicodrama Psicoterapêutico/Ambulatório.




A Entrevista foi solicitada por um aluno da PUC PR – 8º Período, o qual nos encaminhou as perguntas.

LEIA A ENTREVISTA A SEGUIR >


1 - ( Aluno PUC PR) O que caracteriza a atuação do Psicólogo Clínico para essa abordagem?


(Leandro Bitencourt) - O primeiro ponto a ser ressaltado é a visão de homem e a visão de mundo no Psicodrama. O Psicodrama entende que o homem é um ser em relação, e que também temos uma visão filosófica baseada no Hassidismo, uma derivação do Judaísmo, que considera que todo ser humano carrega consigo uma centelha divina. Então, o homem é não apenas corresponsável pela realidade a sua volta, mas também cocriador da mesma. Esses dois conceitos estão intrinsecamente interligados.


Ao mesmo tempo que somos responsáveis pela criação do mundo, da sociedade, e das nossas relações, também somos responsáveis por tudo aquilo que está a nossa volta.

O primeiro ponto seria esse: A questão do homem em relação, e o Ser responsável e Criador. Ao mesmo tempo, nós temos um método especifico, o Tripé Metodológico, como nós o denominamos.


O Tripé é uma abordagem teórico metodológica particular onde falamos que o Psicodrama é a psiquê na ação, ou a mente em ação, no qual utilizamos dramatizações. Então, acabamos por não trabalhar única e exclusivamente com o diálogo.

Ao utilizarmos dramatizações, baseamos nosso trabalho na metodologia sociopsicodramática, o que nos possibilita lidar com questões, trazidas pelo paciente/cliente, de qualquer ordem: psíquica, emocional, relacional, social, ou espiritual.



 


2 - ( Aluno PUC PR) - Quais os pontos fortes e fracos que se destacam nessa abordagem?


(Leandro Bitencourt) - Acredito eu, que o ponto forte é que nós, enquanto psicodramatistas, ultrapassamos o limite verbal, podendo atuar num ambiente protegido, atuar dramaticamente, ampliando assim a forma de percepção e o efeito terapêutico.

Então, ao considerarmos que temos memórias corporais, utilizamos além da fala, a ação dramática, para que possamos alcançar as vezes até memórias esquecidas da cognição.

Eu vejo isso como ponto forte da nossa metodologia.


Como trabalhamos muito em grupo, e entendendo que o psicodrama é o tratamento do grupo mediante o indivíduo, conseguimos impactar terapeuticamente um número maior de pessoas. Ao trabalharmos com o protagonista, na verdade, não é única e exclusivamente essa pessoa, esse sujeito, que está sendo trabalhado terapeuticamente, mas sim, o grupo todo. Assim, o protagonista se torna uma pessoa que ‘empresta sua história’ para que todos no grupo sejam trabalhados. Sendo assim, a única abordagem que trabalha com representatividade.


Um outro ponto, é que entendemos que o ser humano é sempre capaz, tendo a possibilidade de criação frente as demandas, e situações que acontecem na vida. Nós temos essa visão: de que o homem sempre tem uma capacidade de resiliência, de conseguir expressar-se e atuar de forma espontânea e criativa, nos mais diversos segmentos da sua existência.


Como ponto fraco, eu vejo poucos. Um deles, por exemplo, é que se uma pessoa tem dificuldade de relação social, pode ser que ela não consiga ser integrada prontamente num grupo terapêutico. Sendo assim, ela iria necessitar de um processo individual, ou, caso já esteja passando por um, de mais tempo de terapia individual.



 


3- (Aluno PUC PR) - Quais são os critérios usados para diagnosticar o paciente?


Leandro – O Psicodrama pode fazer diagnóstico baseado principalmente em duas teorias desenvolvidas por Jacob Levy Moreno: a Teoria de papéis e a Teoria da Matriz de Identidade.


Na primeira, como entendemos o ser humano sempre em relação, podemos “medir” a quantidade e qualidade dos vínculos do nosso cliente, bem como entendermos o funcionamento das relações. Pontos de reflexão e atenção são percebidos quando o paciente apresenta poucos vínculos, ou quando seus vínculos estão exacerbados de conflitos, ou mesmo quando o desempenho de papéis está acima ou abaixo do que se espera em determinado papel.


Na segunda teoria, Moreno desenvolveu-a como uma forma de explicar o desenvolvimento humano. Portanto, dependendo de como o sujeito se relaciona, podemos utilizar desta teoria para explicarmos alguma falha de seu desenvolvimento.


Importante saber que não descartamos os diagnósticos estabelecidos pelos códigos internacionais de doenças, por exemplo o CID-10 e o DSM. No entanto sempre vamos buscar com nosso paciente, novas formas dele lidar com suas dificuldades e limitações, incentivando-o a dar respostas espontâneas e criativas.



 

4 - ( Aluno PUC PR) - Há alguma restrição de atendimento (por exemplo não atender paciente psicótico?)


Leandro - O psicodrama não tem restrição de atendimento. Podemos trabalhar com qualquer tipo de público e sujeito. Independentemente do que ele apresente.


5 - (Aluno PUC PR) - Quais são os critérios de alta?


Leandro - Eu trabalho muito com o paciente a autonomia dele pra ele poder avaliar se ele consegue ‘se dar alta’, digamos assim. Eu o observo, e durante o processo eu vou trabalhando com ele questões como ‘o tempo de terapia’, ‘os objetivos terapêuticos’, ‘como ele vê o processo de alta dele’, etc.


Eu acredito que o paciente tem mais condições, já que ele está 24 horas do dia, 7 dias por semana, na própria pele, enquanto eu o vejo apenas uma hora por semana. Sendo assim, eu trabalho muito a autonomia do paciente pra que ele desenvolva a auto percepção, saiba refletir sobre o que veio buscar, e também notar como ele sente que está em determinado momento do processo.



 

6 - (Aluno PUC PR) - Como essa abordagem entende o processo de formação do psicólogo Clínico?


Leandro - Existe aí uma legislação que vai dizer o que a gente precisa fazer. No mínimo 5 anos de formação da psicologia. É claro que, como os cursos de psicologia são bem abrangentes, é indicado que o aluno, ou o profissional, busque sempre, dentro de uma especificidade, a área de atuação que ele quer, dando assim continuidade em sua formação.

Na Associação Paranaense de Psicodrama a Pós graduação e a Formação têm 30 meses de duração.


A formação continuada é um ponto fundamental: Pós graduação, Cursos de Extensão, a atualização constante em Jornadas, Congressos, e Encontros Científicos. Esse é um ponto.

O outro ponto importante que nós consideramos, é que o profissional passe também pelo seu próprio processo psicoterápico. Ele precisa se olhar, se questionar, tratar as suas questões para que ele possa ter condições de olhar para o outro e, ser aí sim uma alavanca, um ponto de apoio para que o paciente consiga superar as suas questões.


O terceiro ponto é a questão da Supervisão. Logo após a saída do profissional da Faculdade, a supervisão do papel profissional é de extrema relevância, mesmo que cada formação tenha uma quantidade de horas específica.


Também como ponto a ser considerado, temos a questão dos Grupos de Estudo, que acabam entrando um pouco na questão da atualização profissional. Grupos de estudo, e conversas cientificas, são ambientes em que é possível se aperfeiçoar, e ter um movimento de atualização constante.


No Psicodrama nós temos um método bastante utilizado pra ampliar a formação que é o role-playing, ou seja, o treino de papéis, onde nós simulamos situações, e o terapeuta, ou o profissional vai ampliando a sua forma e repertório de atuação.



Em nossa Instituição, nos preocupamos muito com o desenvolvimento do papel de terapeuta, e para isto, existe uma disciplina chamada DESENVOLVIMENTO DO PAPEL DE PSICOTERAPEUTA INSTITUCIONAL, que acompanha o aluno durante todo o CURSO, dando-lhes noções de ética, postura e conhecimentos necessários como requisitos imprescindíveis ao papel. Código de Ética, com artigos e parágrafos são estudados, assim como as especificidades inerentes ao papel de psicoterapeuta dentro da Instituição, com Regimento Interno e normas estabelecidas. Além disto, as disciplinas de Psicologia Clínica e Anamnese e a de Instituição também fazem parte do nossa grade curricular. Formar pessoas para o desenvolvimento do papel de Psicodramatista, e trabalhar com Políticas Públicas para o enfoque na Psicologia Social, fazem parte do nosso propósito e missão. ( Ellen Bond )


Participe do ENCONTRO CONVERSAS SOBRE PSICODRAMA

Venha descobrir como o Psicodrama pode colaborar com o Futuro do Trabalho :)



DATA: 24 Novembro 2018

Horário: das 9h > 12h

Inscrições: R$20/ no local

Certificação: carga horária de 3 horas

Mais informações: (41) 3332-7387 / 3333-8564

Comments


bottom of page